CORONA
"Da mão o outono me come sua folha: somos amigos.
Descascamos o tempo das nozes e o ensinamos a andar:
o tempo retorna à casca.
No espelho é domingo,
no sonho se dorme,
a boca não mente.
Meu olho desce ao sexo da amada:
olhamo-nos,
dizemo-nos o obscuro,
amamo-nos como ópio e memória,
dormimos como vinho nas conchas,
como o mar no raio sangrento da lua.
Entrelaçados à janela, olham-nos da rua:
já é tempo de saber!
Tempo da pedra dispor-se a florescer,
de um coração palpitar pelo inquieto,
É tempo do tempo ser.. É tempo."
Paul Celan
(tradução: Flávio Klothe)
Mais poemas extraordinários desse autor em O POEMA. Vale a pena conferir.
***
Diálogo com Paul Celan:
NO OUTONO, TALVEZ...
Vem o outono, e
Nos ensina:
É preciso aprender a perder!
A beleza
Das flores
Das folhas
A altivez do tronco
A rigidez da casca
Sim,...
É preciso perder!
O medo
De não mais ser
sempre o mesmo
Para, (talvez...)
ser outro
Ser vário
Ou, ... simplesmente Ser...
Tu mesmo!
Lou Albergaria
Imagem: via web
Que diálogo poético, Lou. Um prazer estar aqui lendo a ti e Paul Celan!!!
ResponderExcluirBeijos, boa semana.
Carmen