" (...)
Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga."

Hilda Hilst

Se gostou, volte sempre!!!!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A MENINA DO ALGODÃO DOCE


Em meu sonho de Menina
teço nuvens
de algodão...
doce
meus braços se tornam asas
atravesso seu encanto
redescubro meu coração.
Lou Albergaria

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

SOBRE POETAS, LOUCOS E MÁGICOS


Deitei-me na cama hoje no final da tarde para tentar descansar um pouco em meu último dia de férias. Como sempre, deixo perto de mim papéis, lápis ou caneta e meus melhores amigos - os livros - a minha volta. Há quase dois anos isso tornou-se um hábito, quase um ritual.

Pedi à minha filha para trazer o dicionário, e enquanto 'pensava' em NADA com aquele meu costumeiro olhar perdido entre vários Mundos, a Semente de Amora, sempre ela, com sua percepção aguçada e aquarianamente bem-humorada saca de sua florzinha mais esta:

- " Mãe, vou ler pra você o significado da palavra poeta. Ouve aí:

'Poeta é aquele que faz versos; o que tem faculdades poéticas e se dedica à poesia; aquele que tem imaginação inspirada; aquele que devaneia ou tem caráter idealista.'"

- Amora, por favor, deixa a mamãe descansar. Tô exausta... - disse delicadamente, quase de forma mecânica, mas sem estar sonada. Ela de pronto atendeu ao meu pedido e foi brincar em seu quarto, pois possui uma sensibilidade bastante apurada e pressente quando SÓ meu corpo está aqui em nossa casa. Não sei como, mas ela SABE quando apenas o silêncio pode me ouvir.

É um cansaço profundo que sinto, mas que não me deixa dormir, nem mesmo sentir sono. Aliás, pelo contrário, vejo-me quase que o dia inteiro - todos os dias - em fremente estado de alerta; talvez, quem sabe, 'um grito de alerta' que só minha alma, bem no fundo do inconsciente, escuta e tenta me avisar algo. Intuitivamente, é assim que venho sentindo esse processo que já dura um certo tempo.

Abrir frestas em um casulo não é nada fácil. É penoso, doloroso, exaustivo... até mesmo psicodélico. Lidar com palavras e pensamentos que inebriam não deixa de ser um pouco lidar com substâncias psicotrópicas. É um prazer alucinante, em um lapso de tempo, depois seguido por "crises" de conflitos existenciais e de abstinência; quando a poesia resolve fazer-se de rogada e se esconde.

Nesse instante, pois, o grande prazer torna-se angústia. A busca pela "palavra perfeita"... para compor o "verso perfeito" ou pelo menos que possa exprimir uma ideia, suscitar uma indagação que toque a vida e a alma das pessoas... ou simplesmente a si próprio no intuito de nos tornarmos seres humanos melhores; menos arrogantes e prepotentes. Se a poesia pudesse provocar, em mim, essa evolução espiritual já ficaria eternamente agradecida, embora não plenamente satisfeita. Já vivi o suficiente para não mais NECESSITAR mentir para mim mesma. Conheço-me profundamente. Até mais do que o recomendável, devo admitir. Digo isso, pois quanto mais eu ME conheço, mais eu conheço O OUTRO que desce a calçada neste exato momento que escrevo esta crônica e também me habita.

Viver é um jogo bastante sutil e muitas vezes traiçoeiro. Lidar com as próprias fragilidades e sentimentos é uma arte; e torna-se ainda mais delicada e extasiante quando voltamos nossa atenção aos outros que se hospedam em nós e, não raras as vezes, por tempo indeterminado, ou mesmo, por uma vida inteira. Familiares, amigos, colegas, afetos e desafetos ou um mero desconhecido na calçada cujos passos agora ouço, todos, irremediavelmente, de certa forma, estão em mim.

Alguns desses conhecidos e desconhecidos conseguem preencher determinadas lacunas emocionais; mas a cada dia percebo que meus ermos são inabitáveis, até por mim mesma, ou talvez sobretudo por mim mesma. São ermos inóspitos porque por demais descrentes; não conseguem mais acreditar e, pior, não aceitam mais serem consenciosamente ludibriados como em um espetáculo de mágica em que o público PRECISA ESTAR DISPOSTO a ser enganado, senão o truque simplesmente não existe. Fim de Show. O Teatro fecha suas portas. O Mágico artista - ou artífice - será obrigado a mudar de atividade ou buscar um público mais CÚMPLICE; mais conivente com seu truque. O nosso truque.

A vida em sociedade é exatamente assim que a sinto: um espetáculo de mágica. Mas, ao contrário do que vemos em um show tradicional, os papéis não são fixos. 'Mágicos' e 'ludibriados' vivem em um eterno equilíbrio dinâmico, sempre trocando de funções quando convém; principalmente, para impedir a falência do Teatro, e mais ainda, a falência dos personagens que podem estar no palco ou na plateia, depende da perspectiva ou ângulo de visão de cada um.

O artista que pinta o quadro está dentro ou fora da tela? E o ser retratado será que enxerga o artista obstinadamente desejando assumir a função de Deus?

Uma obra de Arte é mesmo um devaneio, assim como viver.

O Poeta é quem faz o poema ou será o poema que constrói (e também destrói) o poeta?


***


Sim, por definição, eu sou poeta
pedra bruta
cada verso um prisma
que Me atira no abismo
ou no absinto
mais vida que sete gatos juntos
todos mortos
embalsamados
a convidada ilustre
No Banquete das múmias...


Lou AlbergariA
Em tempo:
Minhas aparições na blogosfera se tornarão cada vez mais raras a partir de agora. Por vários motivos. O mais importante, felizmente, É que consegui descobrir MEU CAMINHO na poesia, minha IDENTIDADE POÉTICA.
Entrei na blogosfera por acaso e sairei no ocaso sempre aberta aos acasos que a vida me trouxer...
Hoje eu sei quem sou. Sem arrogância ou prepotência. A POESIA faz mesmo milagres...hehehe...
A partir de AGORA, quero profundamente me dedicar aos meus estudos de Filosofia e Linguagens Poéticas.
Como disse a vocês, desde o início, a blogosfera nunca FOI um passatempo pra mim. Ao contrário, foi um universo em que MERGULHEI de forma INTENSA atrás de muitas buscas. Algumas encontrei, outras preciso ainda me empenhar Mais, muito mais... e outras sei que não encontrarei nunca, pois são por demais metafísicas e estão muito além do simples humano. Mas talvez sejam exatamente essas as buscas que mais nos impulsionam rumo à transcendência.
FIQUEM BEM!
MUITO OBRIGADA A TODOS!!!
Não estou saindo da BLOGeSFERA; simplesmente irei me dedicar mais aos estudos de agora em diante.
Sempre que possível, postarei algo. E claro continuarei na Seção ANÁGUAS da Editora VIDRÁGUAS, todas as terças, enquanto me QUEIRAM por lá.
E também, sempre que possível, continuarei visitando os AMIGOS tão queridos que foram absolutamente FUNDAMENTAIS nesse processo de autoconhecimento.
É tão bom poder estar aqui sem mais aquela ÂNSIA de querer saber; ter que saber. Agora é só deixar os sentimentos e a poesia fluirem...os canais foram todos abertos.
ERRÁTICA! Essa palavra que Márcio Nicolau me deu de presente fez o casulo trincar de cima a baixo. Depois veio o 'efeito borboleta': cada ação uma consequência e assim construímos a nós mesmos; nos reinventamos.
Quando a experiente editora e poeta Carmen Sílvia Presotto SINALIZOU-ME - iluminando de vez meu caminho na poesia - ao me dizer que na Poesia Marginal e em Hilda Hilst encontraria a IDENTIDADE POÉTICA que tanto buscava, aí o casulo se rompeu de maneira irrefutável.
O UNIVERSO CONSPIRA... eu transpiro de alegria, tesão e poesia...E ABSURDA VONTADE DE APRENDER E EVOLUIR CADA VEZ MAIS E SEMPRE.
BEIJOS!!!!!!!!
CARPE DIEM para quem é do DIA e CARPE NOCTEM para quem é da NOITE!
E CARPE TESÃO para quem é intenso toda hora...
Lu

sábado, 15 de janeiro de 2011

VACAS NA AULA DE ARTE by HANK


bom tempo
é como
boas mulheres -
não acontece sempre
e quando acontece
não dura para sempre.
um homem é
mais estável:
se ele é ruim
é mais provável
que continue assim,
ou se ele é bom
ele pode
se fixar,
mas a mulher
se modifica para sempre
pelos filhos
pela idade
pela dieta
pela conversação
pelo sexo
pela lua
por haver ou não haver sol
ou bom tempo.
uma mulher tem que ser ninada
para subsistir
pelo amor
onde um homem pode se tornar
mais forte
por ser odiado.

estou bebendo esta noite no Spangler's
e me lembro das vacas
que pintei certa vez na aula de Arte
e pareciam bem
pareciam estar melhor do que tudo
ali. estou bebendo no Spangler's
pensando em qual amar e qual
odiar, mas já não há regras:
amo e odeio somente
a mim mesmo -
os outros ficam além de mim
como laranjas caídas da mesa
e rolando para longe; é o que devo
decidir:

matar-me, ou
me amar?
qual é a traição?
de onde vem a informação?

livros... como vidro quebrado:
eu não limparia a bunda com eles
e está ficando
mais escuro, está vendo?

(bebemos aqui e falamos uns
com os outros e parecemos saber.)

pinte a vaca com as maiores
tetas
pinte a vaca com a maior
garupa.

o cara do balcão faz deslizar uma cerveja pra mim
e ela percorre o trajeto
como um corredor olímpico
e o alicate que é minha mão
segura, levanta o copo
dourado, plena tentação,
eu bebo
e fico ali
mau tempo para vacas
mas meu pincel está pronto
para atingir
o olho de palha da grama verde
a tristeza me recobre
e mando a cerveja goela abaixo
peço uma bebida forte
rápido
para adquirir a garra e o amor de
continuar.


Charles Bukowski



terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O PODER QUE DEU A LUZ




Era o primeiro dia do ano. Mais um novo ano carregado de velhas promessas: "...muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender..." Na descida da rampa Ele chora - o 'CARA' do Obama: "this is my man!" - o 'CARA' da Dona Marisa, da Dona Dilma - sem Ele o BRASIL não teria empossado sua primeira "presidenta" - o 'CARA' do bolsa-família, do ENÉM, das cotas nas universidades, vale-gás, vale-almoço, vale dólares na cueca. O 'CARA' do Mensalão que nunca soube de nada e talvez jamais saberá. O 'CARA' de nove dedos acena para a multidão e corre pro abraço, o enlace perfeito e eterno - o pai do povo, mãe dos ricos - quebra o protocolo. Mas o que é um simples protocolo pra quem quebrou a ética, partindo-a em dezenas de pedaços; cada partido com seu quinhão com direito a dízimo e tudo. Uma unanimidade para 80% da população, até para aqueles que votaram no outro candidato; o ápice da ambiguidade humana. Você é o 'CARA', mas não voto em mulher! ouvi isso de muita gente. Às vezes foi por ondas sonoras, outras tantas por ondas cerebrais, linguagens corporais. O machismo ainda impera. Somos sul-americanos, não nos esqueçamos disso. Mas o 'CARA' agora precisa dizer adeus, "desencarnar do poder", como disseram alguns jornalistas no dia da Posse de nossa primeira presidente mulher.
Inicia-se então a Era do PODER sob a égide de alguém que menstruou e pariu. (?????)Não precisa de intérpretes para conversar com Hilary Clinton nem Hugo Chavez. Já foi torturada e entregou a juventude por grandes ideais, mas depois se entregou ao submundo da política de cartolas e fio-dental. E agora, Dilma? O que será da vida daquela menininha que foi nascer justamente no dia da sua posse e seus pais, brasileiros apaixonados pelo Brasil, colocaram nela o seu nome?!!! Será que ela, sua chará, chegará à maioridade sem ser molestada por doenças erradicadas em tantos países, menos aqui? Será que ela chegará à Universidade pública sem precisar se valer de cotas? Será que ela terá emprego de qualidade após sua formação? Será que ela poderá sonhar e acreditar sempre que a vida é bela....?

O 'CARA' vai continuar dando as cartas, só que agora deitado no sofá da sala espaçosa, tomando aquela cachacinha mineira da melhor safra, sempre com o celular em punho. Um olho no jogo do Corínthians e o dedo faltoso apertando o sinal pra avisar que a aula acabou.

Político, meu amigo, já nasce feito. Anda de pau-de-arara ou Rolls Royce. Ou os dois quando está escrito na sina dele.

E NÓS, brasileiros?!!!!

Nós continuamos como sempre estivemos: "povo marcado, povo feliz..."

Jamais me esquecerei da última frase da Dona Dilma no último debate na televisão:

"Vamos garantir o acesso aos bens materiais da civilização."
Lou Albergaria


Lord,

Não consigo mais acreditar...
política, gente, sentimentos, idealismos...
Hoje somos uma grande massa disforme
de individualidades a serem satisfeitas.

Que venha O NOVO AEON!!!